ATA DA CENTÉSIMA SEGUNDA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 21-11-2002.

 


Aos vinte e um dias do mês de novembro de dois mil e dois, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi efetuada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Aldacir Oliboni, Ervino Besson, João Antonio Dib, João Bosco Vaz, Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Nereu D'Avila, Paulo Brum, Raul Carrion, Reginaldo Pujol e Sebastião Melo. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Adeli Sell, Beto Moesch, Carlos Alberto Garcia, Carlos Pestana, Cassiá Carpes, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Fernando Záchia, Haroldo de Souza, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, Maria Celeste, Pedro Américo Leal, Sofia Cavedon e Valdir Caetano. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador João Bosco Vaz, o Projeto de Lei do Legislativo nº 220/02 (Processo nº 3421/02); pelo Vereador Juarez Pinheiro, o Projeto de Lei do Legislativo nº 225/02 (Processo nº 3477/02); pelo Vereador Raul Carrion, Líder da Bancada do PC do B, a Emenda nº 02 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 177/02 (Processo nº 2832/02). Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios nºs 670 e 671/02, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 2221/02, da Senhora Karin Sohne Genz, Coordenadora da Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Juarez Pinheiro referiu-se à Lei nº 8.192, de dezessete de julho de mil novecentos e noventa e oito, que dispõe sobre o tempo de espera em filas de estabelecimentos bancários e relembrou os efeitos positivos observados desde o início de sua vigência. Nesse sentido, referiu-se ao Projeto de Lei do Legislativo nº 084/02 (Processo nº 1486/02), de sua autoria, defendendo a necessidade da atualização e aperfeiçoamento do referido diploma legal. Na oportunidade, face manifestação do Vereador João Antonio Dib, o Senhor Presidente registrou a presença do Senhor Zilmar Moussale, Presidente da Sociedade Libanesa de Porto Alegre, convidando Sua Senhoria a integrar a Mesa dos trabalhos. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador João Antonio Dib manifestou-se sobre o transcurso, hoje, do Dia da Independência do Líbano, dissertando sobre aspectos históricos, étnicos e culturais desse país. Também, enfocou os motivos geradores da controversa denominação de “turcos” atribuída, de modo equivocado, aos cidadãos de ascendência libanesa, recuperando fatos históricos relativos aos primórdios de sua civilização. O Vereador João Antonio Dib, em tempo cedido pelo Vereador Haroldo de Souza, deu continuidade ao seu discurso, referindo-se à antiga prática da tradução de nomes próprios de origem libanesa para outros idiomas, como forma de evitar a denominação “turco”. Também, reportou-se à numerosa colônia libanesa existente no Brasil, enfatizando haver muitos representantes seus atuando, com destaque, em diversos setores da sociedade brasileira. Às quatorze horas e trinta e nove minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e quarenta e um minutos, constatada a existência de quórum. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador João Bosco Vaz referiu-se à candidatura do Vereador João Antonio Dib à Presidência da Câmara Municipal de Porto Alegre para o ano vindouro. Com relação ao assunto, questionou aspectos éticos dessa iniciativa, alegando ter esse Vereador priorizado a realização de projeto político pessoal em detrimento de sua antiga relação de amizade com o Vereador Reginaldo Pujol, até então único candidato à Presidência da Casa. O Vereador João Antonio Dib, em tempo cedido pelo Vereador João Carlos Nedel, reportou-se ao teor do discurso proferido pelo Vereador João Bosco Vaz em Comunicações, esclarecendo os motivos pelos quais Sua Excelência decidiu não participar das tratativas em prol da candidatura do Vereador Reginaldo Pujol à Presidência da Casa. Também, apontou os motivos que levaram Sua Excelência a lançar sua candidatura à Presidência deste Legislativo para o ano dois mil e três. O Vereador Isaac Ainhorn teceu considerações acerca das alianças firmadas entre as Bancadas do PPB e PT, com vistas às próximas eleições para os cargos da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Porto Alegre. Nesse sentido, defendeu a preservação de uma composição de forças políticas coerente com a verificada quando da campanha em prol da eleição do Senhor Germano Rigotto para o Governo do Estado do Rio Grande do Sul. O Vereador Nereu D’Avila manifestou-se sobre as discussões políticas pertinentes à eleição do cargo de Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre para o ano de dois mil e três, mencionando pleito realizado em mil novecentos e oitenta e dois no qual foi eleito o Vereador Antonio Hohlfeldt para a Presidência da Casa. Ainda, discorreu sobre propostas para a composição da Mesa Diretora, apresentadas no ano vigente, analisando a postura adotada pelo Vereador João Antonio Dib na condução desse processo. O Vereador Marcelo Danéris discursou sobre acordo firmado entre os Senhores Líderes das Bancadas, dos Partidos que integram a Frente Popular, do PTB e do PPB, com assento nesta Casa, no que se refere à candidatura do Vereador João Antonio Dib ao cargo de Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre para o ano vindouro, salientando a justeza da referida indicação. Também, destacou a disposição dessas representações partidárias em debater questões atinentes às diretrizes políticas que norteiam este Legislativo. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Elói Guimarães pronunciou-se sobre as relações políticas desenvolvidas ao longo do tempo pelas agremiações partidárias com assento neste Legislativo. Nesse sentido, externou seu apoio à candidatura do Vereador João Antonio Dib ao cargo de Presidente desta Casa na próxima Legislatura, tecendo considerações sobre a importância das discussões estabelecidas acerca do assunto e afirmando ser esta uma postura democrática no intuito de buscar o entendimento sobre a questão. A seguir, o Vereador Ervino Besson formulou Requerimento verbal, solicitando cópias do pronunciamento efetuado pelo Vereador Marcelo Danéris em Comunicações, o que foi deferido pelo Senhor Presidente, após a anuência do Orador. Também, foram apregoados os seguintes Requerimentos, deferidos pelo Senhor Presidente: de autoria do Vereador Aldacir Oliboni, solicitando que o Projeto de Resolução nº 091/02 (Processo nº 2409/02) seja incluído na Ordem do Dia, nos termos do artigo 81 da Lei Orgânica do Município; de autoria do Vereador Reginaldo Pujol, solicitando que o Projeto de Lei do Executivo nº 057/02 (Processo nº 2753/02) seja incluído na Ordem do Dia, nos termos do artigo 81 da Lei Orgânica do Município. A seguir, o Senhor Presidente registrou o transcurso, hoje, do aniversário do Vereador Fernando Záchia, procedendo à entrega de cartão de felicitações à Sua Excelência. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram em: 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo n°s 215 e 202/02, este discutido pelos Vereadores João Antonio Dib e Reginaldo Pujol, 208 e 210/02, discutidos pelo Vereador João Antonio Dib, e 212/02, discutido pelos Vereadores Elói Guimarães e Reginaldo Pujol; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo n°s 203 e 206/02, o Projeto de Resolução n° 110/02. Também, os Vereadores Juarez Pinheiro e Dr. Goulart manifestaram-se durante o período de Pauta. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença do Vereador Mateus, do PSB, do Município de São Luiz Gonzaga - RS. Às quinze horas e cinqüenta minutos, constatada a inexistência de quórum para ingresso na Ordem do Dia, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Extraordinária a ser realizada a seguir. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Carlos Alberto Garcia e Reginaldo Pujol e secretariados pelo Vereador Paulo Brum. Do que eu Paulo Brum, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente ata que, após lida e aprovada será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra em Comunicações pelo tempo que lhe cede o Ver. Estilac Xavier.

Vereador, antes de V. Ex.ª assumir a tribuna, eu consulto se V. Ex.ª vai querer somar o seu tempo ao tempo cedido do Ver. Estilac Xavier.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Agradeço, Presidente Reginaldo Pujol, mas cederei o meu tempo para outro colega para que possa fazer aqui a sua intervenção. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): V. Ex.ª dispõe dos cinco minutos regimentais.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente dos trabalhos, Ver. Reginaldo Pujol, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras. Já mantive contato com alguns Srs. Vereadores e Vereadoras que tratam da matéria, em especial com o Ver. Nereu D’Avila - que é alguém que há muitos anos, não só nesta Legislatura, mas em legislaturas anteriores, tem-se dedicado às questões dos trabalhadores e também daqueles que se dedicam ao trabalho bancário -, da nossa disposição em votarmos uma matéria que já está na Ordem do Dia há bastante tempo, possibilitando que os Srs. Vereadores e Vereadoras pudessem tomar ciência da matéria que altera uma Lei que é pioneira em nível nacional, que foi constituída há quatro anos nesta Cidade e conhecida como Lei da Fila. Àquela altura, naquele quadrante, nós não tínhamos nenhuma legislação similar e havia no senso comum, tanto na área jurídica como nos meios de comunicação, e, principalmente, na versão dada pelos banqueiros, a interpretação de que os Municípios não dispunham de competência legislativa para disporem sobre atendimento bancário no sentido de coibir os abusos praticados pelos banqueiros que fazem com que a população, principalmente a população mais pobre, tenha que ficar, às vezes, Ver. Besson, por horas a fio a espera de um simples atendimento.

Como não havia nenhuma legislação similar em nível nacional, ela se originou nesta Casa numa discussão com o Sindicato dos Bancários; constituímos um diploma legal consistente, inovador, vanguardeiro, mas que pela falta de paralelo com outras cidades acabou, com o decorrer do tempo, demonstrando-se um pouco ineficaz no sentido de coibir os abusos. Logo que a Lei foi promulgada, e foi mesmo promulgada porque foi pelo Presidente Luiz Braz, na época dirigindo esta Casa, houve um grande debate na imprensa, um grande debate também entre os operadores do Direito e verificou-se, depois, que, face a esse debate, o atendimento melhorou durante alguns meses. Isso foi elogiado pela população, reconheceu a população o mérito do trabalho desta Casa, mas com o passar do tempo verificamos três questões fundamentais.

As multas colocadas nessa Lei - conhecida como Lei da Fila - são praticamente ridículas: em torno de 200 UFIRs, na primeira infração dos bancos que deixam uma pessoa esperando por mais de trinta minutos para atendimento; no caso de reincidência, 400 UFIRs. Nesse sentido, conversei com o Ver. Nereu D’Avila, pedi o apoio a ele e nós propusemos uma matéria nova, alterando essa Lei, que é reconhecida pelo Poder Judiciário, no sentido de que venhamos a alterar as multas que passam de 200 para 2 mil UFIRs na primeira infração e 4 mil UFIRs no caso de reincidência. E para essas entidades, Ver. João Carlos Nedel, que faz gestos com a cabeça, queremos dizer que achamos que é muito pouco ainda, tendo em vista o poderio econômico desse segmento da economia, que é o segmento que mais se beneficia com a miséria e a concentração de renda.

De outra parte, nós estamos colocando um prazo de trinta dias para que as denúncias oferecidas pela população sejam apreciadas pelo Poder Legislativo e pelo Poder Executivo, através da SMIC.

Por fim, Ver. Nereu, uma inovação é que faz com que o próprio Poder Executivo, independentemente de denúncia da população, porque hoje uma pessoa que fica uma hora na fila para fazer uma denúncia tem que se deslocar ainda ao Protocolo Central da Prefeitura... Estou fazendo na verdade uma autocrítica, porque fui eu que elaborei esse dispositivo. Mas, com a nova proposta, o próprio Poder Executivo poderá ir nas agências e, verificando que há uma longa fila, poderá cronometrar o tempo e lavrar o auto de infração.

Neste momento, estamos pedindo apoio dos Srs. Vereadores e das Sr.ªs Vereadoras, no sentido de que possamos, dentro de um acordo, numa Sessão em que todos os Vereadores tenham se apropriado da matéria, aprovar o que é, na verdade, hoje, um reclamo da sociedade, eis que o serviço bancário voltou a ficar em estado calamitoso e as pessoas têm que esperar, na maioria das vezes, mais do que uma hora para um simples atendimento bancário. Agradeço, Presidente. Era isso que queríamos informar sobre essa votação.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Somos informados que o Ver. Fernando Záchia e o Ver. João Antonio Dib pretendem usar este período para prestar uma homenagem à República do Líbano, que hoje completa aniversário. Estamos aguardando a presença do Cônsul do Líbano entre nós. Eu não tenho como certo que já se encontre conosco.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, está presente o Presidente da Sociedade Libanesa, Sr. Zilmar Moussale. Gostaria que fosse convidado a fazer parte da Mesa, para que pudéssemos fazer uso da palavra.

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Perfeito. Eu convido o Presidente da Sociedade Libanesa para fazer parte da Mesa. Os próximos oradores inscritos são exatamente os Vereadores... Todos concordaram em que o Ver. Dib pudesse usar a tribuna agora? É uma prerrogativa dele estar devidamente inscrito neste dia.

O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, meu caro Presidente da Sociedade Libanesa, Zilmar Moussale, patrícios aqui presentes, meus senhores e minhas senhoras, hoje o mundo comemora a independência do Líbano.

Na segunda-feira, jantando lá na Sociedade Libanesa, o meu amigo Samir me dizia uma frase que eu achei impressionante: “O libanês sai do Líbano, e o Líbano nunca sai do coração do libanês.” Os descendentes de libaneses desejam que o Líbano, País de origem dos seus pais, prospere. Eles entendem que este é um povo sofrido, carente de mais de alegrias, após tantos sofrimentos de guerras e ideais perdidos. O povo libanês de alma autêntica, cujo sorriso abarca todas as origem orientais, reflete a mais cara inteligência de um povo tolhido pela guerra. Amantes do Brasil, a ponto de vibrarem com todas as suas histórias, sabem que este nosso País acolheu em seus braços mais de dois terços da população libanesa.

Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esta Casa tem dois integrantes com ascendência libanesa; tem um com ascendência síria, que é o Ver. Luiz Braz, e o Ver. Reginaldo Pujol, que gostaria de ser libanês, e sempre manifesta isso. Na verdade, o libanês chega ao Brasil e não é chamado de libanês; ele é chamado de turco. Eu recebi, numa revista que assino - Carta do Líbano –, um artigo e entendi que, neste momento, seria conveniente ler o artigo do escritor Mansour Challita.

(Lê.): “Turco no passaporte, libanês no sangue e no coração: um erro histórico a ser reparado.

No belo romance de Jorge Amado, intitulado A Descoberta da América pelos Turcos, ele oferece uma boa oportunidade para esclarecer-se a pitoresca confusão entre turcos, árabes, sírios e libaneses, pois esta confusão ainda tem muita influência na vida prática.

Libaneses ou turcos? Como o próprio Jorge Amado afirma em seu romance, nunca houve turcos no Brasil. Por que, então, eram os primeiros imigrantes libaneses chamados de turcos? Para responder a esta pergunta devemos retroceder um pouco na história. Nos séculos XII e XIII, quando a civilização árabe estava em seu apogeu, invadiram o Oriente Médio hordas bárbaras vindas da Ásia Central: Tarmelão e seus tártaros, Gengis Khan e seus mongóis, Osman e seus turcomanos.

Eram conquistadores impiedosos que só sabiam destruir e tiranizar. No centro de Siwas, Tarmelão mandou esmagar sob os cavalos mil crianças que os sitiados lhe enviaram para enternecê-lo depois de ocupar Bagdá. O mesmo tirano entregou os habitantes a uma matança que durou oito dias. Com as cabeças dos mortos, os soldados edificaram vinte pirâmides.

Tarmelão e Gengis Khan passaram rapidamente, mas os turcomanos fundaram o Império Otomano, que durou oito séculos ininterruptos, até o fim da I Guerra Mundial. Nessa altura, o Oriente Médio não era mais aquela terra privilegiada, berço de grandes civilizações; virara uma grande região desolada e decadente. Em 1860, os turcos incitaram uma religião contra a outra, e houve massacre de muitos libaneses cristãos.

A Europa se comoveu e obrigou a evacuação da montanha do Líbano, de maioria cristã, que foi declarada Zona Autônoma do Monte Líbano. Em volta desta pequena zona, dominava o Império Otomano. Ora, ao longo dos séculos e desde a época dos fenícios, os libaneses tinham sobrevivido e prosperado, graças às suas relações livres com o resto do mundo, pois o Líbano em si, apesar de suas belezas, é uma terra restrita e árida, desprovida de riquezas naturais como o ouro e o petróleo. Seus únicos produtos são os homens, conforme a observação de Georges Buis em seu livro La Barque: “Este país nada produz, mas que príncipes da mente!”

Cortados do mundo pela presença otomana, eles conheceram as privações e a pobreza. Seu único recurso era emigrar, mas o Monte Líbano, não sendo um Estado, não podia emitir passaportes e os libaneses tinham de viajar com o passaporte de autoridades turcas; o passaporte do opressor naquela época. Na Europa e nas Américas, o nome turco era bastante desprestigiado. Os libaneses foram chamados de turcos, de acordo com o seu passaporte e tiveram que arcar com as conseqüências.

Na Colômbia, por exemplo, quando, em 1946, Gabriel Torbay, de origem libanesa, era candidato à Presidência da República pelo Partido Liberal, o partido mais importante, seu adversário, Eliecer Gaitan, combateu-o com um mero slogan, repetindo-o milhões de vezes, por todos os meios de comunicação...”

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): V. Ex.ª tem mais cinco minutos, por cessão de tempo do Ver. Haroldo de Souza.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sou grato ao Ver. Haroldo de Souza, que eu acho que tem também um pouco de libanês no seu coração. “Dizia ele: ‘Gaitan? Si, turco? No.’ A força da palavra foi avassaladora. Torbay perdeu as eleições.

Para escapar ao apelido destruidor, muitos imigrantes recorreram ao expediente de traduzir o nome para tirar-lhe a conotação árabe, responsável pela confusão com os turcos. O expediente foi usado tanto em inglês como em espanhol e português, produzindo, às vezes, resultados hilariantes.

Eis alguns exemplos tirados do inglês: Hanna - que é João -, El-Ferran virou John Baker, Boutros El Haddad virou Peter Smith - Boutros é Pedro -; Boutros Al-Asmar, Peter Brown. Em espanhol as traduções eram igualmente pitorescas: Daher Fares virara Alfredo Feliz de Lade; Hanna El-Mkihs, Juan Serio. Dizem que Fidel Castro é filho de libaneses e que seu nome é Fadlu Kassiti.

Por necessidade, o português seguiu a moda. Youssef Dau virara José da Luz....” Eu me lembro, quando criança, eu dizia para a minha mãe, quando o quarto estava escuro: “Ame, daua el dau: mãe, acenda a luz.” “Antun Chaniny, Antônio Ramos; Naum Chedid, José Maria Fortes; Hanna Dib...” - que é o nome deste Vereador – “... João Lobo.” Eu apenas fiquei João Dib, mas Dib, em árabe, é lobo.

“Todas essas traduções são literárias e, por isso, tão saborosas. Hoje, os libaneses não mais traduzem seus nomes no Brasil, nem alhures. Ao contrário, são orgulhosos de sua origem, mas, quando alguém quer magoá-los, volta a chamá-los de turcos. Nota do editor: Os turcos, dos quais trata este artigo, são os componentes do antigo Império Otomano, que não mais existe. A Turquia atual é um país moderno, progressista e que merece todo o apreço.”

Realmente, o Líbano é um pequeno país com um grande povo. E esse grande povo encontrou como segunda pátria, para melhor viver, o nosso querido Brasil. E no nosso querido Brasil é difícil - e acho que não há - um parlamento onde não haja alguém com ascendência libanesa. Nos Ministérios, na Câmara Federal, no Senado, nas Câmaras de Vereadores, nas Assembléias Legislativas temos sempre presentes pessoas com ascendência libanesa, que, amando este País da forma como amam, nunca esquecem a terra de seus pais, mas também sabem da responsabilidade que têm em participar do crescimento do nosso querido Brasil, e o fazem contribuindo de todas as formas; além do trabalho, que é marca do libanês, o fazem com solidariedade para com a coletividade, contribuindo, muitas vezes anonimamente, para casas que necessitam de apoio, e causas públicas que precisam ser apoiadas. Lá está o descendente de libanês ou o próprio libanês, sempre dizendo que o Brasil é a pátria que tem que ser respeitada e amada, mas o Líbano é a terra que não pode ser esquecida. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Agradecemos a presença entre nós do Presidente da Sociedade Libanesa, que nos dá a alegria de estar conosco nesta tarde, ao tempo em que, na figura do Ver. João Antonio Dib, eu saúdo a comunidade libanesa porto-alegrense e gaúcha, com a qual eu tenho excelente relacionamento em função de minha adolescência comum com vários integrantes dessa comunidade.

Ao Sr. Presidente da Sociedade Libanesa e aos demais libaneses ou descendentes aqui presentes, eu associo ao pronunciamento do Ver. João Dib os cumprimentos também da Casa do Povo de Porto Alegre, da Câmara Municipal como um todo.

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h39min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol – às 14h41min): Estão reabertos os trabalhos.

O Ver. João Bosco Vaz está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOÃO BOSCO VAZ: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores. Ontem, tive um embate muito forte com o Ver. João Dib, nesta Casa. Disse algumas coisas que, provavelmente, o Ver. João Dib não gostaria de ouvir e eu ouvi também algumas coisas que eu não gostaria de ter ouvido por parte do Ver. João Antonio Dib.

Assomo a tribuna, então, porque ficou a impressão de que eu sou contrário a esse acordo. Na verdade, aqui, é uma casa política, onde os acordos são rasgados a todo o momento. O que me indignou e o que me levou a dizer o que disse ao Ver. João Dib é que as relações, as amizades, não podem, de uma hora para outra, serem trocadas, amizades de longo tempo, antigas. Refiro-me ao Ver. Pujol. Todos, nesta Casa, sabiam que o Ver. Pujol seria o próximo Presidente e que não custaria nada ao Ver. João Dib ter dito ao Ver. Pujol. “Ver. Pujol, fui procurado, posso ser e quero ser candidato à Presidência.” Não, o Ver. João Dib preferiu jogar uma amizade para cima, talvez em busca de um projeto próprio.

O que mais deixou-me indignado, ainda, Ver. João Dib – e eu sei separar o homem João Dib do político João Dib -, é que V. Ex.ª poderia ter sido Presidente neste ano. V. Ex.ª tinha os apoios para ser o Presidente neste ano. É verdade ou não é? É verdadeiro. O PT queria botar o Ver. Estilac, o que era o correto, porque era o acordo. Aí, quando V. Ex.ª tinha o apoio, estava tudo acertado que V. Ex.ª seria o Presidente, eis que o PT disse: “Não, nós não aceitamos o Dib, porque tem que ser o Ver. Estilac, que é o do acordo”, no que estava correto o PT. Aí, V. Ex.ª fez o quê? E essa foi a minha indignação maior. V. Ex.ª fez um documento – e não precisava ter feito aquilo –, um estardalhaço à imprensa toda, inclusive, que eu não tenho nada a ver, porque é uma questão interna –, demitiu-se da Liderança da sua Bancada, dizendo que, com o veto de um único Partido, V. Ex.ª não seria. É verdade ou não é? É verdadeiro. E, agora, com o veto de outros Partidos, V. Ex.ª aceita ser?

Então, eu estou vindo aqui dar a minha versão. Repeti que disse algumas coisas duras, realmente, que V. Ex.ª talvez não quisesse ter ouvido. Ouvi outras, de sua parte, que eu também não gostaria de ter ouvido. Mas, isso aí foi um embate político, sigo respeitando a sua figura e o seu mandato, sem nenhum constrangimento. Agora, espero que tenha clareado essa situação. Eu não jogaria uma amizade de quarenta anos para cima, para um projeto próprio. Eu não faria isso! Eu teria, pelo menos, procurado e dito: “Olha, meu amigo, eu tenho essa possibilidade e quero ocupar, realizá-la.” Poderia ter procurado os seus amigos que todo esse tempo têm convivido com V. Ex.ª e ter colocado essa situação.

Então, eu estou vindo aqui colocar essa situação.

Vejo que o Ver. Pedro Américo está irritado. Não me referi a V. Ex.ª, a quem respeito muito e admiro. Estou vindo aqui com nível, Ver. Pedro Américo, colocar o que eu penso a respeito desta situação. Isso aqui é uma Casa política, uma Casa democrática.

Eu encerro este assunto, mas o Ver. João Dib pode usar o tempo de Líder dele, pode falar o que achar que deve falar. Agora, é uma opinião minha – como esta Casa é democrática –, as pessoas, realmente, não pensam todas de forma igual, pensam diferentemente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Com a palavra o Ver. João Antonio Dib, por cedência de tempo do Ver. João Carlos Nedel, em Comunicações.

Eu solicito aos companheiros Vereadores que nos dêem condições de tranqüilidade para que nós possamos conceder a palavra ao Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu não tenho dúvidas em afirmar que eu sou um homem tranqüilo, que não guarda mágoas nem ressentimentos. Não tenho ressentimento contra aquele que tentou contra a minha própria vida. Não consegui cultivar no meu coração mágoas e ressentimentos.

Devo deixar bem claro que em momento nenhum, ontem, eu fiz qualquer gesto ou pronunciei qualquer palavra que pudesse magoar S. Ex.ª o Ver. João Bosco Vaz. Eu tão-somente chamei-o de sobrinho, pois, ele, às vezes, me chama de tio, que: “Falando assim, daqui a vinte ou trinta anos, serás um bom orador.” Mas sou um homem de convicções, não cedo, não transijo e não negocio. Sou claro e preciso nas minhas colocações, com a mesma clareza e convicção que eu peço para as leis que são formuladas nesta Casa. Disse aos signatários do acordo anterior, por não concordar com o encaminhamento dos mesmos, que eu estava retirando o meu nome daquele acordo. E o fiz com convicção, com estudo, com análise, muito bem pensado. E, se eu fazia a retirada do meu nome, eu não podia estar exercendo a Liderança, eu não seria coerente, eu não seria sensato, eu não seria sério, eu não seria honrado. Então, eu tinha que também deixar a Liderança, que me foi devolvida, imediatamente, após a solução do problema.

Eu tenho quatorze anos, consecutivamente, de Liderança na minha Bancada; deve ser por algum mérito, porque eu também não pedi para ser Líder.

Ao longo da minha vida exerci muitos cargos públicos, nunca movimentei um dedo buscando aqueles cargos. Nunca aceitei nenhum cargo para que me impusessem condições. E, Ver. Reginaldo Pujol, eu nunca traí ninguém e não faria tal coisa. Não abandonaria a amizade de ninguém. Se eu prezo, se eu respeito aqueles que tentam me agredir, aqueles que tentam me atingir, muito menos faria àqueles que pretensa ou que, na realidade, são meus amigos. Eu não fiz isso. Eu não pedi para ser indicado Presidente, não. Eu estava no meu gabinete, como eu sempre trabalhei na minha vida, com as portas abertas, todos poderiam ver que eu estava lá. Eu falei com os que me procuraram e o grupo que se reuniu não é nada mais nada menos do que aqueles que foram excluídos nos acordos.

Eu não posso entender que um Vereador com trinta e dois anos de mandato... – trinta e dois anos de mandato. Se o povo me mandou, com seqüência, para esta Casa, foi porque eu tinha alguma condição. E por que me mandou todas às vezes com mais votos que na eleição anterior? Deve ser porque eu agi sempre com a correção que se esperava de mim.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Ex.ª sabe que eu tenho atravessado na garganta o problema das eleições de há dois anos, nesta Casa.

Eu quero que V. Ex.ª me diga por que foi acusado de traidor ontem? Aqui é uma Casa política: estabelecem-se correntes e as correntes se digladiam, vence uma ou outra.

Eu agüentei calado por dois anos, não gostei do que se sucedeu aqui naquela célebre eleição para Presidente, na qual eu me levantei, com V. Ex.ª até contra mim.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Correto, nobre Vereador, mas eu preciso encerrar.

Eu jamais trai ninguém. Eu sempre achei, e na terça-feira, quando eu participava do Programa Líderes e Vencedores, que seria líder e vencedor somente aquele que soubesse perder. Que seria líder e vencedor aquele que soubesse servir. Eu devo dizer que, se eu tenho todo esse tempo de Casa, se eu fui Prefeito, e escolheram o Ver. Reginaldo Pujol para meu diretor no DEMHAB, estando eu com a porta aberta, eu é que deveria ser procurado. Eu não tinha de procurar ninguém, e aqueles que me procuraram, com a fidalguia de sempre, eu os recebi e continuarei fazendo isso. Mas, insisto, o grupo que se reuniu foi de excluídos. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é óbvio que sempre se fala, quando partidos de concepções diferentes fazem alianças, que o acordo é meramente administrativo. Aliás, o PPB, nesta Legislatura, aprendeu a lição do passado, quando fez uma aliança no início da década de noventa com o PT, quando o primeiro ano era do PT e o segundo do PPB. E houve a traição, naquela época, e não elegeram Vicente Dutra do PPB. Hoje, certamente, devem ter escolhido o primeiro ano para o PPB, para não enfrentarem uma situação como aquela.

O que me surpreende, Ver. João Dib, e eu respeito V. Ex.ª e tenho uma excelente relação com V. Ex.ª, assim como com o Ver. Pedro Américo Leal, é que esta é uma Casa política. Nós, da oposição ao Governo do Estado, acabamos numa situação peculiar em todo o Brasil: conseguimos vencer e derrotar a administração do Governo Olívio Dutra do Estado do Rio Grande do Sul, e as oposições saíram fortalecidas. O que eu vejo nesta aliança, que ainda pode sofrer alterações, é um prejuízo muito grande para a vitória de uma vertente que não é, neste momento, a vertente da Frente Popular do Rio Grande do Sul, onde conseguimos, com o apoio do PPB, PHS, PTB, PDT, no segundo turno, eleger Germano Rigotto Governador do Estado do Rio Grande do Sul. Eu acho que não podemos ver isoladamente este fato da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Porto Alegre, ela está inserida dentro de um contexto maior, num contexto político muito maior, porque é a Câmara Municipal da Capital do Estado do Rio Grande do Sul, onde dela estão saindo três Deputados Estaduais, teve vários candidatos ao Senado da República, Ver. João Bosco, Ver. Valdir Caetano e foi eleito um Vice-Governandor oriundo desta Casa, integrante da oposição. Isso é que deve ser reconstituído para se compreender esse processo, Ver. Pedro Américo Leal. Há erro, sim, há erros, agora é curioso, Ver. Pedro Américo, porque, quando o PDT, que não assinou o acordo anterior e que previa um ano para o PT, um ano para o Ver. Záchia, um ano para o PPB na figura de João Dib, e um ano para Reginaldo Pujol, o PDT não assinou esse acordo, e se José Fortunati foi o escolhido, foi o escolhido pela sua condição; primeiro, porque a indicação no acordo era do nome José Fortunati; e, segundo lugar, pela singular votação, a mais extraordinária votação que um homem público teve para Vereador da cidade de Porto Alegre: quarenta mil votos. Esse é o reconhecimento indiscutível, Ver. João Dib. V. Ex.ª, que queria o apoio de todos, naquela época, não conseguiu o apoio do PT, Ver. João Dib, que vetou o seu nome para Presidente desta Casa. Eu acho que V. Ex.ª tem legitimidade, tem história, merece o nosso respeito; agora, não podemos fazer política, Ver. Dib, com arrogância, temos de fazer política com humildade, pensando, isso sim, digo com a absoluta tranqüilidade de quem foi Presidente desta Casa, que geriu esta Casa com absoluta austeridade, nós temos que fazer com austeridade e sem arrogância. Infelizmente, temos visto muitos perfis que se caracterizam dentro de uma visão eminentemente fisiologista. Lamentavelmente isso é uma tônica presente, não só no Legislativo do Município de Porto Alegre ou na Assembléia, infelizmente essa é uma condicionante, é uma realidade, mas nós temos de pensar mais Porto Alegre, mais Rio Grande e, como consta em um logotipo de V. Ex.ª, Ver. João Dib, mais Brasil. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra, por cessão de tempo do Ver. Fernando Záchia, em Comunicações.

 

O SR. NEREU D'AVILA: Sr. Presidente dos trabalhos, Ver. Reginaldo Pujol, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, é necessário que a opinião pública, que acompanha os fatos políticos da Assembléia e da Câmara Municipal de Porto Alegre pela sua importância, seja bem informada dos fatos que acontecem, aconteceram e continuam acontecendo. Efetivamente, o Ver. Isaac Ainhorn, Líder da nossa Bancada, e o Ver. João Bosco, abordaram tópicos importantes das substituições da Mesa Diretora desta Casa, e um dos fatos que ficou sobremaneira como uma nódoa na história desta Casa foi quando havia um acordo absolutamente protocolado, assinado e cumprido na sua primeira etapa, ou seja, quando o Ver. Antonio Hohlfeldt, hoje Vice-Governador pelo PSDB, foi o primeiro e único Vereador eleito, em 1982, pelo PT, e houve trinta e dois Vereadores, dos quais onze do PDT, onze do PMDB, dez do PDS, e um do PT. Pois, esse Vereador fez um acordo, o PT chancelou, como Partido, com o PDS, no qual o Ver. Antonio seria Presidente e nos anos seguintes seria o Ver. Luiz Vicente Dutra, do PDS. Com a desculpa da questão do IPTU - a qual todos os anos surge, sendo que neste ano, novamente, surgiu, no fim do mandato do PT, o qual tem a mania de aumentar o IPTU -, de que o Sr. Luiz Vicente Dutra havia dado declarações contrariando o aumento do IPTU, foi rompido o acordo unilateralmente pelo PT, não cumprido o acordo e deixado o Sr. Luiz Vicente Dutra “a ver navios”, sem o cumprimento daquele acordo. Então, essa moda ficou.

E o que ensejou agora esta Legislatura? Um acordo em que o PDT ficou de fora, mas isto faz parte do processo legislativo e os Presidentes seriam pela ordem: primeiro ano, PMDB, Luiz Fernando Záchia; segundo ano, PT, através do José Fortunati, que foi eleito o mais votado; terceiro ano, PFL, Reginaldo Pujol ou João Dib, não me recordo; e o último ano, Pujol ou Dib. Esses eram os personagens, e o Correio do Povo inclusive publicou as quatro fotos no início da Legislatura desses cidadãos.

Quando o Ver. José Fortunati deixou o PT e passou para o PDT, alteraram-se as formulações jurídicas e daí foi rompido o acordo, rompido inclusive pelo Sr. João Dib, que lançou manifesto, rompeu o acordo e outros romperam o acordo. Então, o PDT não participou disso daí, o que aconteceu foi que o Sr. José Fortunati veio para o PDT, como poderia ter ido para outro partido de esquerda, o PDT foi privilegiado com a presença do Sr. José Fortunati. Foram fatos que se sobrelevaram. Então o que aconteceu? Que no fim deste ano, para a próxima Legislatura, continuavam as oposições reunidas, tanto que pela sua união é que houve uma pequena diferença em Porto Alegre de três mil votos e foi derrotado, surpreendentemente para o resto do Brasil, o modelo petista para todo o Brasil, foi derrotado no Palácio Piratini. Foi a maior repercussão política no Brasil a derrota do PT no Rio Grande do Sul, graças a união das oposições. Então, o que ensejou a indignação verbalizada pelo Ver. João Bosco Vaz e a nossa indignação? Ensejou que, à socapa, atrás da porta, atrás da cortina, à socapa, o Sr. João Dib aceitou, indignamente, sem conversar com as oposições, eticamente comprometedor, por quê? Porque nós, em nenhum momento, dissemos que alguém estava vetado. Quem falou em veto foi o PT, ano passado, quando dissemos que o Ver. João Dib poderia ser o Presidente, antecipando, e o PT disse que não, que o ano era deles, que deveria ser o Ver. Estilac Xavier. Aí, o Ver. Dib renunciou à Liderança, atirou tudo para cima e lançou um manifesto. Então, esperávamos agora, dentro de uma lógica e dentro da composição das oposições que no Estado e na Assembléia estão longe do PT, que aqui também o fosse.

Surpreendo-me, também, com o Sr. José Hugo Mardini, que, nos programas do Armando Burd, vocifera contra o PT e depois, à socapa, às escondidas, sem este Presidente Metropolitano, vem aqui, que até há poucos dias estávamos todos juntos, PPB, eu do PDT, Mendes Ribeiro do PMDB, estávamos juntos, lutando com a bandeira da oposição nas ruas, vem o Sr. Mardini aqui e, em nome do PPB, o Sr. João Dib, tudo às escondidas da oposição, e fazem um acordo deixando a oposição de fora, justamente com o PT, que as oposições tinham derrubado do Palácio Piratini. Esta é a nossa indignação, a questão conduzida eticamente, comprometedoramente negativa, para que nós merecêssemos tamanha desconsideração. Estamos perplexos e até aguardando novos acontecimentos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra, por cessão de tempo do Ver. Juarez Pinheiro, em Comunicações.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Ver. Carlos Garcia na Presidência dos trabalhos, Sr. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, público que nos acompanha aqui e pela TV Câmara, o Partido dos Trabalhadores, juntamente com o Partido Progressista Brasileiro e o Partido Trabalhista Brasileiro firmaram um acordo, e quero começar por aí, que pode sofrer alterações. Não pode sofrer alterações, porque esses três Partidos são sérios, são Partidos comprometidos com o trabalho do Legislativo, são Partidos respeitadores dos Vereadores e do conjunto da Câmara Municipal de Porto Alegre. E estes três Partidos assinaram um acordo e este acordo permanece, continua. É um acordo que prevê a pluralidade na Câmara de Vereadores e prevê a participação de todos os Partidos na Câmara de Vereadores. Este acordo administrativo é um acordo importante, porque resgata muito da nossa própria história, porque resgata um mandado de trinta e dois anos de um Vereador, que já foi Prefeito da cidade de Porto Alegre, um Vereador que se reelege há trinta e dois anos para a Câmara de Vereadores, que é o Ver. João Dib. Este elemento por si só já nos faz entrar para a história dos Legislativos Municipais. Nós não vamos eleger nada mais, nada menos do que o Ver. João Dib. E elegeremos nós todos: PTB, PT, PSB, PC do B, PPB e mais todos os outros Vereadores, por quê? Porque este aqui não é um acordo que procura alijar ninguém, ao contrário, é um acordo que quer dialogar com todos os Vereadores. Nós estamos abertos para a participação de todos os partidos, tanto que este acordo não é um acordo fechado do ponto de vista da direção da Câmara, nem da direção política nem da direção administrativa. Ele é um acordo que está pleno para ser debatido e dialogado com todos os Vereadores desta Casa. Ele é um acordo que demonstra uma simbolização importante para a Cidade de Porto Alegre, que quer, sim, a população de Porto Alegre, ver Dib na Presidência. Ela quer sim, a população de Porto Alegre, que a maior Bancada que ele elegeu também esteja na Presidência. Ela quer, sim, a população de Porto Alegre, que um Partido com a história e a tradição do Partido Trabalhista Brasileiro esteja na direção da Câmara de Porto Alegre, porque este Partido, que tem Elói Guimarães e Cassiá Carpes, tem história e tem participação histórica nesta Casa. E ele tem uma simbologia de que a política não precisa ser sectária. A política não precisa ser sectária quando ela tem como baliza mestra uma relação de ética, seriedade no trato do interesse público do porto-alegrense. A política pode ser construída por meio de um acordo, um acordo que privilegie os interesses da população, um acordo que privilegie os interesses da Câmara e um acordo que seja generoso, inclusive, porque ele não é um acordo de exclusão, ele não é um acordo de alijamento. Ele é um acordo que quer, permanentemente, dialogar com todos os partidos. Ele é um acordo que convida a todos os partidos para fazer parte da administração da Câmara. É um acordo que convida a todos os partidos a dialogarem permanentemente. E ele é um acordo que não compromete nenhuma das posições de princípios, de programa e de história de nenhum dos partidos. O Partido dos Trabalhadores, o Partido Socialista Brasileiro e o Partido Comunista do Brasil serão sempre os mesmos Partidos e defenderão sempre as suas idéias com ardor, com vontade e com garra.

O Partido Trabalhista Brasileiro não será da situação, ele será o Partido Trabalhista Brasileiro da oposição para defender seus princípios e o que acha correto.
O Partido Progressista Brasileiro será o Partido Progressista Brasileiro de oposição, contrário à Administração Municipal e assim continuará. Mas, aqui, na administração da Câmara Municipal de Porto Alegre, nós vamos unir esforços para fazer uma boa administração.

E quero, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, assumir o compromisso público com o Ver. Elói Guimarães, com o Ver. Cassiá Carpes, com o Ver. João Antonio Dib, com o Ver. Nedel, com o Ver. Leal e com o Ver. Beto Moesch, que, de nossa parte, faremos todos os esforços para honrar e respeitar este acordo e, para os outros partidos que não compõem este acordo, faremos todos os esforços para garantir a democracia, a pluralidade, a participação efetiva de todos os partidos, de todos os Vereadores e de todas as Vereadoras.

Este é um acordo que honra a história democrática de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Vereadoras, esta Casa não é composta de anjos e nem de diabos.

É uma Casa composta de seres humanos. Aqui se procederam, ao longo da história administrativa da Casa, as mais diferentes parcerias.

Eu, pessoalmente, em mais de uma oportunidade, vejam bem, estive na ante-sala da reunião para a escolha do Presidente, como Presidente, e, quando cheguei na sala, deixei de ser o Presidente.

Apenas para dar a velocidade como os acontecimentos se dão nesta Casa.

Então, é bom que nós todos, aqui - aqui não tem anjinhos, nem diabos -, nos coloquemos no mesmo patamar; nós estamos no mesmo nível. Então ninguém pode vir aqui e dizer: “Olha fulano, o teu partido..., tu aqui, ali e acolá”, absolutamente, não. Se assim o fizer, não estará procedendo corretamente. Então, esta história de jogar em cima do Ver. João Antonio Dib indignidade! Mas o que é isso? Indignidade por tentar procurar ser o Presidente? Absolutamente, não! Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, as relações que se instalam nesta Casa e no interior das Bancadas também, elas se dão diante de um processo, que eu diria até de instantaneidade.

Ontem, eu perguntava a alguns amigos se eles conheciam a dança da vassoura. É uma dança do interior, onde os pares estão dançando, e o homem pega a vassoura e bate no par que está dançando, e os pares imediatamente se trocam. Mas como existe um homem a mais na sala, um vai ficar de bobo, que é aquele que fica com a vassoura. Então, esta Casa é isso. A Casa é exatamente isso. A Casa é aquele que ficar com a vassoura, ficou com a vassoura. Esta é a realidade. É uma figura dos nossos costumes, mas é a figura que retrata exatamente a instantaneidade do processo. E aqui eu não vou citar, poderia citar aqui partidos que ficaram com “pincel na mão”. Por exemplo, eu vou pegar o PTB. O PTB, no início da presente Legislatura, ficou de freio e pelego na mão na estrada. Fomos simplesmente arredados. “Oh! E o PT, olha o PT pode entrar nessa composição.” Então, o PT e demais Partidos deixaram o PTB e o PDT também na estrada. Deixaram-nos na estrada, pura e simplesmente, nos excluíram, e tudo bem. As coisas aqui se processam.

Então, para que a Cidade saiba e conheça, esta é a realidade desta Casa e dos melhores parlamentos do País, desta Cidade, dos parlamentos europeus etc. e tal. Então é bom que compreendamos esta realidade, é de uma velocidade fantástica. E eu aqui não vou trazer dados para mostrar as dificuldades que todos tivemos. Num determinado momento, quando fui prestar conta de um trabalho junto à composição, eu fiquei com a cara no chão, porque acertamos uma determinada situação e essa não se concretizou. Aí me perguntaram, a quem cabe me perguntar e pedir, o partido. Mas e daí? É uma gestão inexitosa de V. Ex.ª... Então é isso aí. Olhem aqui: vamos compreender o processo e vamos tentar buscar, antes de tudo, o entendimento para a governabilidade da Casa, ninguém será excluído, vocês sabem que todos participarão, evidentemente, num determinado momento, alguns segmentos hegemonizam, isso se dá. Nós ainda estamos... Eu não quero fazer ameaça, absolutamente, a eleição é no dia 13, mas, enfim, este é o processo na Casa. Obrigado, Sr. Presidente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. ERVINO BESSON (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro a V. Ex.ª, já com a concordância do Líder da Bancada do PT, a liberação, ainda no dia de hoje, das cópias taquigráficas do discurso do Ver. Marcelo Danéris. Obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Marcelo já nos acena...

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Eu autorizo com prazer.

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Já estão à disposição.

Apregoamos Requerimento do Ver. Aldacir Oliboni, que concede Título Honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Frei Achyles Ciappin, para que o Projeto seja incluído na ordem do Dia por força do art. 81.

Incluído também na ordem do Dia por força do art. 81, a Requerimento do Ver. Reginaldo Pujol, Projeto de Lei do Executivo que cria e extingue cargos de provimento efetivo no Departamento Municipal de Habitação, no Departamento Municipal de Limpeza Urbana, no Departamento Municipal de Água e Esgotos e dá outras providências.

Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 3217/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 202/02, de autoria do Ver. Carlos Alberto Garcia, que torna obrigatória a sinalização de metragem nos locais de prática de caminhadas e corridas nos parques do Município. Com Emenda n.º 01.

 

PROC. 3313/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 208/02, de autoria da Ver.ª Clênia Maranhão, que prioriza a tramitação de processos administrativos ou atendimento de qualquer natureza, nos órgãos da administração pública municipal, a pessoas com idade igual ou superior a 65 anos.

 

PROC. 3320/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 210/02, de autoria do Ver. Adeli Sell, que obriga as clínicas e estabelecimentos similares que realizam bronzeamento artificial a colocarem avisos em suas dependências, alertando os usuários de que a exposição aos raios ultravioletas pode causar danos à saúde, inclusive câncer, e dá outras providências.

 

PROC. 3333/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 212/02, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que altera dispositivo da Lei nº 4.629, de 23 de novembro de 1979, e alterações posteriores, que dispõe sobre a concessão de reajustes tarifários para os serviços de táxis e lotações.

 

PROC. 3367/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 215/02, de autoria do Ver. Elói Guimarães, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. João Baltezan Ferreira.

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 3248/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 203/02, de autoria do Ver. Almerindo Filho, que dispõe sobre a distribuição de medicamentos genéricos a pacientes, comprovadamente carentes, portadores de enfermidades crônicas.

 

PROC. 3283/02 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 110/02, de autoria da Ver.ª Clênia Maranhão, que concede o título honorífico de Cidadã Emérita de Porto Alegre à Atriz Julia Lemmertz Dias Borges.

 

PROC. 3299/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 206/02, de autoria do Ver. Aldacir Oliboni, que denomina Rua Rio Maria um logradouro não-cadastrado, localizado no Bairro Cascata.

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

Antes, registramos que, no dia de hoje, o nosso Ver. Fernando Záchia, que, a partir de 1.º de janeiro, será Deputado, está de aniversário. Gostaríamos de cumprimentá-lo. V. Ex.ª receba um cartão desta Casa e, ao mesmo tempo, queremos agradecer a V. Ex.ª pelo trabalho que tem feito em prol da Cidade e do povo porto-alegrense. Para nós, isso é motivo de orgulho. Lastimamos a sua saída, tendo a certeza de que o povo de Porto Alegre deixará de ter um brilhante parlamentar, mas o Estado o receberá. Receba os nossos cumprimentos. (Palmas.)

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, com a clareza que sempre uso nas minhas manifestações, nos meus atos, com a clareza com que atua o meu Partido, eu devo dizer que, pela primeira vez, eu não analisei a Pauta, no dia de hoje, como eu sempre faço, à uma hora, quando aqui chego, para que eu possa conhecer os projetos em Pauta. Digo isso porque acho que este é um dos momentos importantes do nosso dia-a-dia de Vereador, a análise da Pauta. Mas as nuvens negras que toldavam o ambiente, de repente, não me deixaram fazer a análise que eu gostaria de fazer. Até não vou reclamar que o Presidente não leu os projetos que estão no primeiro dia de Pauta, pois também deve ser em virtude das nuvens negras que toldavam e ainda toldam este ambiente. Mas hoje estamos no dia 21 e teremos, ainda, meia dúzia de Sessões pela frente e uma centena de projetos, alguns da mais alta relevância para a vida da Cidade. Mesmo assim, no dia 21, mais cinco novos projetos de lei são apresentados.

O Ver. Carlos Alberto Garcia quer tornar obrigatória a sinalização de metragem nos locais de prática de caminhada e corridas nos parques do Município. Olhem, essa é uma medida extremamente importante, Ver. Oliboni, é, indiscutivelmente, importante. E ele, melhor do que ninguém, sabe que é importante, porque é professor na matéria. Mas, nobre Vereador, não é razão de projeto de lei. Eu já resolvi um problema desses na Praça Simão Carlos Arnd, que chamam de Praça da Encol. Pode ir lá que está marcado, se o vandalismo já não retirou as marcas. Não fiz nem um pedido de providências, só fiz um telefonema e pedi; é importante para a vida do cidadão que busca saúde, que busca melhorar a sua qualidade de vida. É importante. Não para um projeto de lei, Vereador! Mas terá o meu apoio, sem dúvida nenhuma. Só que não vai ser votado este ano. V. Ex.ª sabe que vai ser arquivado.

 A Ver.ª Clênia quer priorizar a tramitação de processos administrativos ou atendimento de qualquer natureza, nos órgãos de Administração Pública Municipal, a pessoas com idade igual ou superior a sessenta e cinco anos. Eu acho que as pessoas com mais de sessenta e cinco anos têm de ser muito bem atendidas, mas também as com menos de sessenta e cinco anos têm de ser muito bem atendidas. O que nós”Ministério da Desburocratização” e complicaram mais este País. Então, precisamos ter senso de responsabilidade, temos de ser servidores públicos e deixar os servidores públicos fazerem. Não trazer gente de fora, que não conhece bem o assunto, para querer fazer determinações para o servidor público. Ele sabe o que tem de fazer e ele fica atrapalhado.

O Ver. Adeli Sell quer obrigar as clínicas e estabelecimentos similares que realizam bronzeamento artificial a colocarem avisos em suas dependências alertando os usuários de que a exposição aos raios ultravioleta pode causar danos à saúde, inclusive câncer, e dá outras providências. A imprensa toda, todos os dias, fala sobre o problema do bronzeamento. Se não conseguiu alertar com isso, quando a pessoa quiser ser bronzeada, quando ela chegar no local e já tiver pago, ela vai ser bronzeada de qualquer forma, mesmo incorrendo em risco de câncer.

Eu teria de analisar dois outros projetos que entraram na Pauta no dia de hoje, mas o tempo se encerra e eu apenas tenho tempo de dizer: saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Ver. Carlos Alberto Garcia, na presidência dos trabalhos, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, talvez seja difícil para as pessoas que nos assistem e que têm acompanhado o início da Sessão observar nós comentarmos algumas proposições dos Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, depois de um tema tão candente que foi colocado no período das Comunicações. Mas as pessoas que acompanham as Sessões sabem que existe um Regimento na Casa e, neste período, a Presidência, se não o fizermos, nos obrigará a cumprir as regras do Regimento, que nos impõem fazer com que as nossas intervenções se dirijam às proposições colocadas pelos Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras. Por esse motivo, não vamos nos referir ao debate anterior, bem que gostaríamos, e, no meu caso, me obriguei a utilizar o tempo do Ver. Estilac Xavier - eu estava incluído no período das Comunicações -, que no momento não estava, e, depois, cedi o meu tempo em Comunicações ao meu Líder, mas, no momento oportuno, quero também expender aqui o que penso relativamente ao assunto que abordei.

Entendo, Ver. João Bosco Vaz, que, quando os Vereadores fazem proposições, muito mais, às vezes, do que aprová-las, eles buscam estabelecer um diálogo com a sociedade, independentemente de se o projeto de lei virá, depois, a ser, ou não, aprovado pelo coletivo desta Casa, pelos Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras. Neste sentido, entendo que é um símbolo de operosidade da Casa o grande número de propostas, de sugestões, de legislação, independentemente de se temos, ou não, competência para propô-las.

Chamo a atenção, Ver. Garcia, e acho que esse é até um elogio a alguém com quem tive debates importantes aqui nesta Casa, divergências profundas, refiro-me ao Ver. Záchia, que se elegeu, com uma grande votação, a Deputado Estadual, e eu verificava que ele assinava, há pouco, uma nova proposição para ainda ser apreciada, se possível for, nestes dias que lhe restam aqui nesta Casa, como Vereador da cidade de Porto Alegre.

Então, neste sentido, independentemente da competência que tenhamos, ou não, para propor as matérias, é importante que a população tome conhecimento daquilo que tramita nesta Casa. Lembro, por exemplo, que a população foi tomada de verdadeira surpresa, quando esta Casa votou aqui o Projeto do mobiliário urbano, ou seja, o Ver. Carlos Alberto Garcia fez uma proposta com a qual tínhamos divergência, e ele sabe disso, mas era uma proposta pontual, relativamente à questão das empenas cegas, e legitimamente – Ver. Pujol, não estou fazendo crítica à legalidade –, regimentalmente, de acordo com a Lei Orgânica, foram acopladas emendas ao Projeto originário do Ver. Carlos Alberto Garcia, que dispunha sobre um assunto polêmico. E a população da Cidade não pôde acompanhar um debate de tamanha importância, tratando, na verdade, da defesa do visual urbano, que é um patrimônio não só desta Cidade, como de todas as cidades. Com isso eu quero citar, porque depois se verificou nos programas de rádio, que mais de 75% da população ficou contra a Lei que aprovamos nesta Casa, que acho, sim, que este período da Sessão é um período importante, porque é um período em que a população toma conhecimento das propostas que os Vereadores buscam fazer tramitar na Casa, é uma publicização, é uma transparência dos trabalhos que aqui são realizados.

Portanto, são inúmeras as propostas que estão na Pauta, e eu abordei de forma genérica este período e julgo que elas são importantes. E o grande número de propostas, ainda ao apagar das luzes do ano legislativo, demonstra, sim, que esta Casa cumpre com as suas tarefas, cada um de acordo com a sua linha ideológica, com a sua visão administrativa do Poder Executivo, do Poder Legislativo, de como deve andar o Município de Porto Alegre, mas, acima de tudo, cumprindo a finalidade precípua: esta é uma Casa Legislativa e os Vereadores, logicamente, precisam legislar. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, o Ver. João Bosco Vaz tem um Projeto acerca dos serviços de táxi em Porto Alegre. É bom que se fale nos taxistas e no sistema de táxi em Porto Alegre, considerado, historicamente, um dos melhores serviços de táxi do País pela natureza, talvez, do taxista. Além do papel fundamental do taxista, que é transportar, ele exerce outras funções. Se alguém quiser alguma informação de Porto Alegre, chegue ao taxista. Aliás, passou a ficar assim, quase como um referencial. Mas é comum pessoas passarem de carro e verem outras caídas, os carros particulares passam, e o taxista, via de regra, Ver. Juarez Pinheiro, o taxista pára, recolhe a pessoa e leva ao pronto-socorro. Nesse sentido até já se legislou, criando alguns mecanismos muito frágeis no sentido de dar alguma assistência a esse tipo de serviço. O taxista é um serviço credenciado na cidade de Porto Alegre. E o Ver. João Bosco Vaz quer instituir um mecanismo automático para que não seja prejudicado o taxista, quando colocam um gatilho de 8%. Quando o custo atingir 8%, automaticamente, dispara a bandeira dois, até que, imediatamente também, a Secretaria Municipal dos Transportes estabeleça a correção.

Então se trata de um processo moderno de estabelecer correção, como existe em outros setores de atividades, onde há um mecanismo estabelecido. Vou falar do funcionalismo municipal, por exemplo. A bimestralidade é um processo que adota, de certa forma, esse critério, de dois em dois meses, com base em um índice de correção da inflação, faz-se um reajuste. E outras atividades também têm se regulado dessa forma.

Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós vamos, Ver. João Bosco Vaz, acompanhar e defender a sua idéia, porque o taxista, o serviço de táxi em Porto Alegre, além de prestar um bom serviço, é um agente colaborador da Cidade nas suas mais diferentes atividades e se trata de sermos justos; porque há alteração inflacionária e até que a Secretaria resolva, defina a correção, o prejuízo é incalculável. Então, faz-se imprescindível um mecanismo dessa natureza, estabelecendo um gatilho automático, atingindo 8%. Teremos a bandeira dois nesse período, até que a Secretaria estabeleça o novo reajuste. E posso dizer a V. Ex.ª que o reajuste, em relação à bandeira dois, sempre será maior, porque o índice de 20% sobre a bandeira um, efetivamente, será menor do que o da bandeira dois. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Não existe nenhuma matéria que tramite nesta Casa que não tenha a sua razão de ser. Eu sei que, com muita freqüência - e o Ver. Elói Guimarães tem me acompanhado nesse particular –, tem-se oferecido resistência a alguns projetos de lei, pelas suas características, entendendo que os mesmos são de normatização relativa e que não necessitariam, Ver. Carlos Garcia, se transformar em projeto de lei. Eu já discuti várias vezes essa situação, eu entendo até que os projetos propositivos, como muito bem me socorre o Ver. Adeli Sell, são até uma espécie do velho pedido de providências de gravata: mais solene, mais explicativo e com uma proposição mais estudada, que pode, eventualmente, ser transformado em lei, ser aquela autorização de que prescinde a Administração para executar determinada tarefa ou determinado programa.

Acho que o seu Projeto, Vereador Presidente, se insere nesse conjunto. Alguns vão dizer: “Ah, mas não precisa ter lei para fazer isso, basta querer fazer, que é feito!” Lamentavelmente, não quiseram fazer.

Então, se alguém tem alguma proposição adequada, a submeta ao crivo da Casa. É o que tem ocorrido, e a Casa tem de ter a competência, a responsabilidade de, se alguma das proposições for inadequada, não ter um falso sentimento de corporativismo, apenas para agradar o colega, aprovar a proposição. Se a proposição é inadequada, no exame tem que se dizer que ela é inadequada, que não merece ser aprovada; mas não querer, simplesmente, fulminá-la no início, com base em filigranas jurídicas, que a realidade política da Cidade nos desautoriza a ter.

Eu, quando voltei a esta Casa, em 1995, ouvia manifestações da Procuradoria dizendo que o assunto poderia ser resolvido com um pedido de providências. Nem a Procuradoria fala nesse assunto, porque sabe que pedido de providência é um instrumento desmoralizado aqui no Legislativo de Porto Alegre, pelo relacionamento hoje persistente durante uma década em que o Executivo simplesmente não considera os pedidos de providências que daqui saem.

Eu acho que a sua proposição é excelente, leva uma discussão positiva e, certamente, irá gerar uma proposta política da Casa para quem tem possibilidade de realizar um programa, um projeto, com aquelas características que a Casa, mercê da sua provocação, irá sugerir. Da mesma forma, eu quero me somar à manifestação do Ver. Elói Guimarães, relativamente ao Projeto do Ver. João Bosco Vaz, que é um excelente Projeto, e inclusive de atualidade. Bom seria se, cumprida a Pauta, nós tivéssemos um consenso nesta Casa de vê-lo aprovado em um curto espaço de tempo para que ele já pudesse agora, na situação que hoje vivenciam os proprietários de táxis com o último aumento do combustível... A Cidade precisaria desse mecanismo corretivo para ser utilizado nessas situações de emergência, e até para provocar maior celeridade no enfrentamento dessas situações por parte da autoridade administrativa, nos casos em que ela possa vir a se agudizar numa expectativa que, lamentavelmente, se desenha no horizonte como bem provável que possa acontecer, quando observamos que o IGPM medido nos dois últimos meses já excede a 4%, o que, evidentemente, estava fora dos prognósticos que todos nós, sociedade brasileira, vínhamos fazendo nos últimos tempos.

Esperamos que isso seja passageiro. Mas, se não for, já terá, pelo menos com relação ao táxi, remédios jurídicos adequados para enfrentar essa situação de emergência. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. João Bosco Vaz está com a palavra para discutir a Pauta. Desiste. O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para discutir a Pauta. Ausente. O Ver. Raul Carrion está com a palavra para discutir a Pauta. Ausente. O Ver. Ervino Besson está com a palavra para discutir a Pauta. Ausente. O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta. Ausente. O Ver. Dr. Goulart está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. DR. GOULART: Sr. Presidente dos trabalhos Ver. Carlos Garcia, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, eu sabia, quando me candidatei a um cargo no Legislativo, que os encaminhamentos eram um pouco demorados. Eu já sabia disso. Mas o fato de conhecer essa qualidade dos parlamentos, não invalida que eu chegue aqui e peça a atenção para os projetos da saúde.

Imaginem os senhores que este Vereador, que é funcionário da Saúde Pública, que atua na Saúde Pública neste momento também, mesmo sendo Vereador - porque isso pode -, tem dez projetos para serem votados. Dez projetos! E aí o que acontece? Cada vez que vamos apresentar um projeto, existe uma confabulação entre os Líderes. E o que é que se diz: “O projeto é polêmico, e nós vamos deixar para amanhã. O projeto é polêmico e nós vamos ter de discutir muito e vamos ir noite a dentro.” Mas nós temos de ir noite a dentro, porque o ano já vai noite a dentro, porque o tempo urge e a doença não pode esperar, a dor não pode esperar, o doente não pode sofrer! E pelo menos 50% desses projetos visam à normatização da Saúde, que vai mal na Cidade. Não pensem os senhores que os indicadores de mortalidade infantil, que estão razoáveis, representam, espelham o bom atendimento da saúde.

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Vereador, gostaríamos que V. Ex.ª se fixasse na Pauta.

 

O SR. DR. GOULART: Então, vou-me fixar na Pauta. Nós temos o Projeto que pede o terceiro turno na Saúde. Isso era o preâmbulo, Vereador, do que eu vou dizer; senão, os senhores nem prestariam atenção no que vou dizer. O Projeto terceiro turno na Saúde é um deles. Eu vou especificar; vou pontualizar esse, ele precisa vir para a discussão hoje! Precisa vir para a votação hoje, porque esse Projeto imagina que, em cada um dos quatro pontos cardeais desta Cidade - não de um em um quilômetro um posto de saúde, conforme o Deputado Federal escreveu no editorial -, haja um posto que atenda depois da cinco horas da tarde, para que as mulheres que têm duas, três jornadas, possam fazer o seu preventivo de câncer, que é a doença que mais mata mulher no Rio Grande do Sul - câncer de mama e câncer de colo de útero. Dez por cento dos homens acima de cinqüenta e um anos na cidade de Porto Alegre estão correndo risco de câncer de próstata! Mas o que adianta eu dizer isto aqui? Adianta que tenha um posto de saúde aberto para que eles façam o exame urológico, para que eles façam a dosagem de PSA, uma vez que a ecografia não vão conseguir.

 

O Sr. Juarez Pinheiro: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, V. Ex.ª, além de eu respeitar muito, é meu amigo, e eu não quero que interprete isso como uma brincadeira. Mas eu pergunto de forma séria: se o Governo do Estado vai colocar um posto a cada quilômetro, haverá necessidade de terceiro turno, tendo em vista o seu Projeto?

 

O SR. DR. GOULART: Como eu estava dizendo para o senhor, eu já respondi isso. A sua intervenção foi só para enfatizar. Eu já respondi. Um posto a cada quilômetro é brincadeira, se está sendo dito. Como metáfora pode ser usado um posto a cada quilômetro. Como metáfora! Mas é brincadeira. O que eu quero é um posto em cada ponto da Cidade a mais, funcionando para o pobre do trabalhador, para a pobre da trabalhadora depois da cinco da tarde, quando vêm para a sua casa. Claro que não seria necessário, Ver. Juarez Pinheiro, mas, por coisas utópicas, por democracia abstrata, não posso lutar. Eu tenho que dizer: “Meus pares, votemos o terceiro turno na Saúde! Votemos posto vinte e quatro horas em alguns lugares da Cidade! Votemos a coleta de prevenção de câncer obrigatório em pelo menos 80% das mulheres.” Ou nós vamos ficar aqui só votando rua, só votando moções? Claro que eu apresentei rua, mas apresentei duas ou três. Eu preciso de resolução para os projetos da Saúde. Ouçam-me, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, ouçam-me. Ajudem o povo que nos elegeu aqui. Eu fui eleito pela Saúde, pelo doente que sofre, pelo homem do SUS, pelos médicos, pelos enfermeiros.

 

O Sr. Adeli Sell: V. Ex.ª permite um aparte?

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Quero ressaltar que, infelizmente, terminou o tempo do Ver. Dr. Goulart.

 

O SR. DR. GOULART: Muito infelizmente, Sr. Presidente. O Ver. Adeli Sell diz que tem onze projetos. Vamos votar os projetos do Ver. Adeli também, mas os da Saúde primeiro. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Gostaria de registrar a presença do Ver. Mateus, do PSB, de São Luiz Gonzaga.

Está encerrado o período de discussão de Pauta. Não havendo quórum para a Ordem do Dia, estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 15h50min.)

 

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